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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CORDÃO BRASIL



Meu Brasil especial
Posso aqui lhe definir
Do Oiapoque ao Chui
Do arrastão à gafieira
De segunda a sexta-feira
Ou no fruto do açaí
Posso começar no norte
E descer ao centro-oeste
Dar um pulo lá no sul
E voltar para o sudeste
Aguardar a cantoria
Num pau de arara na Bahia
Que inicia meu nordeste


Posso transformar um coco
Num santinho de pau oco
Num frevo ou maracatu
Correr da cobra cascavel
E ser mordido de urutu
E depois no meu xaxado
Embolar o embolado
Pra mexer num pau de angu
Posso ainda se quiser
Explicar pra vosmicê
Que a viola caipira
Pode reduzir a dor
Na paixão e bem querer


Posso dosar um melado
Com um queijo bem raspado
Acrescentando a macaxeira
E traçar uma tinguaça
Beber água de cabaça
E dançar um vaneirão
Ter na cuia um chimarrão
Preparado na fronteira
E depois do acarajé
No carnaval dançar no pé
Ou na marchinha mineira
Me afogar na quarta-feira
E sonhar com o igarapé


Entre o verde da Amazônia
Passear numa canoa
Ouvir sorrindo carimbós
Entre brejos de taboa
Ter nas mãos a rapadura
Com paçoca e amendoim
E cheirar um cheiro bom
Nas campinas de alecrim
Ver o céu mais estrelado
Que a galáxia desenhou
E pescar o meu dourado
Ou com pirão apimentado
Degustar um vinho bom


Posso mesmo lhe dizer
Tudo o que me aprouver
No tinido o meu triângulo
Ou no toque da sanfona
Desenhar um mamulengo
Ou capiau lá das Gerais
Eu lhe digo sem receio
Ano inteiro ou ano e meio
Se o senhor quiser ouvir
Meu Brasil é muito mais
Que o senhor imaginar
É paixão rasgando o peito
Que o amor só quer chegar


Meu Brasil não tem tamanho
É maior que tudo então
Mas ele cabe inteirinho
Dentro do meu coração
Poderia o descrever
Por centenas de anos luz
Ele é lindo e é feliz
E protegido por Jesus
Que pendurado numa cruz
Morreu pra nos salvar
Meu Brasil é bem maior
Que minha imaginação
Um país que não tem par
É tangido de riqueza
Misturada com a emoção
Seja eu um acriano
Paraense ou sergipano
Um mineiro ou piauiense
Cearense ou um baiano
O que importa na verdade
É ser um povo soberano
Posso até ser um paulista
Se quiser um capixaba
Ou também mato-grossense
Catarina ou paranaense
Em meu Goiás falta-me nada


Posso ser de Pernambuco
São Luiz, Rio-Grandense
Seja lá na ponta norte
Ou um gauchão bem forte
Meu Brasil é minha sorte
Na verdade um povo só
Paraíba ou Alagoas Maceió
E se Roraima me atrai
Amapá é o meu xodó
Mas meu Rio de Janeiro
Quis Brasília pra morar
Mas se quero Tocantins
Deixe então o meu dourar


É como digo pro senhor
Meu país é sem igual
Em local nenhum se vê
Tão alegre um carnaval
Quando a bossa ficar triste
Meu sambão fará sorrir
Meu Brasil é muito simples
Basta só você sentir
Ou tudo o que imaginar
Pois um brasileiro triste
Não é fácil encontrar
É por isso que o amo
E para sempre vou amar.


Marçal Filho
Itabira MG


29/12/2010

Re[cria]ção


Da infância que ficou
trouxe a decisão no olhar
mirando bem além de mim
a tradução do meu sonhar

Já passei por maus bocados
sem porvir e sem mesuras
nos preâmbulos do passado
deixei minhas amarguras

Que a decisão é minha
não misturo sentimentos
pois viver de ladainhas
é colher o pó dos ventos

E assim seguro as rédeas
da ilusão do sonhador
do caminho retiro pedras
registrando o meu amor

Meu passado foi o ontem
meu presente é no agora
eis que o futuro então decido
nada mais me apavora

Meu cantar ainda é meigo
meu sonhar ainda é valsa
que viver das ilusões
é amarrar fogo e fumaça

Prefiro definir a história que recrio
Preciso recriar a história que defino


Marçal Filho
Itabira MG
29/12/2010

Enviesado


Meu verso reverso, perverso em retrocesso
continua no antagonismo e fora do berço...

Adoro o viés...

Quando quiser a costura bem arrematadinha
deixarei a poesia para ser costureiro em Paris.


Marçal Filho
Itabira MG
28/12/2010

Aborto poético


O verso só completa um poema
ao impingir clareza à idéia
dando plena exatidão ao tema
do contrário é só mera tentativa...

Por isso vejo tanto poema incompleto...

Quando o poeta aborta o tema,
a exatidão se perde e a idéia morre feto.


Marçal Filho
Itabira MG
27/12/10

Magia Universal


A poesia entranha na canção
e esta faz o coração vibrar,
quando tudo se completa
é lindo ver os olhos da emoção chorar

Nada se faz tão belo e perfeito
quando pulsa o coração no peito
e a canção seduz a alma

A fusão da música e a poesia
é mesmo um brilho de amor e alegria
enchendo de carinho o nosso ser
transbordando o universo de prazer
florindo a vida, entre a calma e magia


Marçal Filho
Itabira MG
27/12/2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

OLHAR DE LUA


A lua caminha no céu
e, como um imã prende meu olhar
com ela aprendi sentir estrelas
com estas aprendi a poetar

E quando a lua se faz nova
renova a força dos versos meus
então eles ficam excitados e hesitantes
esperando a lua dos amantes
que cheia, vem o amor iluminar...

A lua tem fases
e, meus versos pacientemente
aguardam da lua, apenas um olhar.


Marçal Filho
Itabira MG
19/12/2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Versos para nosso Rei


Oferto-te, Jesus, neste natal,
Todo o meu ser, em forma de canção!
Teu reino é sempiterno e universal,
Da Tribo de Judá, és O Leão!

Com teu santo manto a nos cobrir
Senhor, tu és meu rei e sempre o será
Então quero entregar a ti o meu porvir
Pois bem sei que dele cuidará!

Até que um dia, eu possa ver-te em glória
E todos redimidos cantarão:
-Tragada a morte foi pela vitória
E exterminado, enfim, seu aguilhão!


Marlene Reis/Marçal Filho
Vitória/Minas
18/12/2010

Um sonho no singular


Não lhe dei a atenção merecida
não refiz a promessa que fiz
mas sempre sonhei só

Não propus que ouvisse meus apelos
e nem mesmo ofereci argumentos
mas eu sempre sonhei só

Não comprei a sua simpatia
e nem pedi que olhasse o que eu queria
mas se você me achava um egoísta
é porque sempre sonhei só

Não troquei o quadro da parede
nem cuidei do jardim que me pediu
não repus a idéia do princípio
mas, querida, eu sempre sonhei só

Se o fim nunca quis argumentar
no princípio imaginei outro sonhar
e agora que esse meu sonho é real
você insiste querer compartilhar...

Mas, se eu sempre sonhei só
quero só seguir ainda, meu sonhar.


Marçal Filho
Itabira MG
18/12/2010

Nem de mim sou Senhor



Senhor de mim não sou
nem de você também,
o acaso que de nós surgiu
feriu sem remissão e fim

O livre arbítrio é real, eu sei
e também sei que tudo pode ser fatal
porque na vastidão do imaginário enfim
a dúvida transcende o medo passional

Eu não lhe culpo pela indecisão de nada
e até o demérito que propôs aceito
só não queira que eu compreenda tudo
sem procurar explicação pra nenhum fato

Porque do complicado eu bem sei
e mesmo assim sabendo não entendo
porque se jamais eu fui senhor de mim
nem senhor de alguém acabo sendo.


Marçal Filho
Itabira MG
18/12/2010

Pelo tempo que for


Onde o encanto dorme durmo com meu bem
onde a carícia chega, nosso chamego vai também...

Lá onde a ilusão faz outra visão pra nos ofuscar
tudo poderá fazer mas pra sempre vai esperar...

O nosso amor não é definido no tempo
mas sim, é amor por tempo indefinido.


Marçal Filho
Itabira MG
17/12/2010

A canção do amor

A canção voltou a tocar
e meu coração voltou a sorrir
a canção jamais foi tão linda
como dessa vez que ouvi
era a voz do amor, melodia do bem
e encanto de luz...

No compasso do tempo
a espera rompeu-se
para compor o desejo...
Nossas bocas então
como estava previsto
se encontraram outra vez...

Somos mesmo irremediavelmente
donos desse amor e daquela canção.

Marçal Filho
Itabira MG
17/12/2010

CONFISSÃO DE MENINO


Menino Jesus, eu estava brincando na rua
e, um outro menino passou com seu presente.

Eu não sei se você sabe, mas eu não tenho pai,
como nos outros natais, também não vou ganhar presente.

Escutei minha mãe dizer, que inveja é pecado,
então, perguntei pra ela, o que era inveja...

Ela me falou que inveja era querer as coisas dos outros;
e, quem tivesse esse pecado, tinha que pedir perdão.

Menino Jesus, você deve ser muito rico,
pois seu pai, é o pai mais poderoso do mundo...

Ih!... Então pequei de novo...Preciso pedir perdão!!!


Marçal Filho
Itabira MG
17/12/10

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Efêmeros


Repensamos, mudamos,
amamos, sofremos,
fizemos do inacabado
uma história palpável

Sopramos palavras
atiradas a ermo,
em esperas vazias de nós

Descobrimos a alma
numa causa maior
que duma incerteza qualquer,
deu-nos a beleza efêmera
da lucidez que não tínhamos

Partimos nas asas do espaço
pelas mãos de amanhãs
como a música luminosa
que alimenta o silêncio
de um amor tardio


Conceição Bentes & Marçal Filho
Natal RN/Itabira MG
13/12/10

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Diferenças mínimas.


As abóboras das meias noites do passado
poderiam se transformar em caleças e tilburis
com princesas puras e encantadoras...

hoje, no máximo, se transformariam em
bicicletas velhas de pneus furados
com um monte de barangas desdentadas
gritando palavrões e pior, em pleno sol do meio dia...


Marçal Filho
Itabira MG
12/12/10

domingo, 12 de dezembro de 2010

O QUE DANTES NÃO SABIA

O outro lado dessa guerra vã
é tácito...
O apogeu do meu eu pagão
é flácido...
A anedota idiota, esquálida
é fútil...

Toda minha utilidade besta
é cômica...
Me é inútil a tola ilusão
dos fatos...
Vou preparando o que já me encheu
do pote...

Um sacerdote iludindo essa mentira
é o mote...
E essa adrenalina que me invade o peito
é líquida...
Também o preço que lhe ofereço
é meio...

Se não me dou pelo satisfeito,
grito...
E meu recado pelo telefone
é nada...
Pois toda a jóia que me ofereceram
é falsa...
Também toda conversa que ofereci
é tísica.


Marçal Filho
Itabira MG
11/12/10

O COWBOY


Comprei um laço pra laçar só bem querer
Eu galopeio nas estradas e beira-mar
Eu sou da América nos rodeios da ilusão
E nos arpejos da viola sou canção

Já montei touros nas touradas de Madri
E em Barretos do cavalo já caí
Meu cinturão tem fivelas cor de prata
Mas a mulata se enganou com esse peão

Meus apetrechos são polidos com carinho
Na romaria vou em último lugar
Quando meu santo se descuida um bocadinho
Já me perdeu e nunca sabe me encontrar

Ultimamente me preocupo com a aparência
Laço vermelho e meu chapéu de Panamá
As minhas botas são lustradas todo dia
Alguns fundilhos tenho sempre que chutar

Sou campeão em desenganos
Penta campeão em não desistência
Cair faz parte do jogo.


Marçal Filho
Itabira MG

Pitagorim...


Da página virada
Restou a lembrança
Do verso exposto
Inacabado deu-se o tema
E nossa história...
Foi apenas teorema.


Marçal Filho
Itabira MG
08/12/10

Tecelãos


Em cada retalho, um coração
em cada verso, uma canção
e o amor aos poucos será tecido
para que nossos mundos encontrem novo sentido
e nosso viver ganhe novamente, um belíssimo colorido



Marçal Filho
Itabira MG
08/12/10

Prioridades


Quero agora definir
O que me é mais importante
Um recado a dizer, um perdão a receber
Outra espera, outro instante...

Um beijo temporão
Um abraço, um sim ou não
E o desejo do amor
Que melhor que lhe amar
Ainda não descobri
Nem estou a procurar

Vou priorizar as metas
Definir o que será
Pois que da ilusão nefasta
Nada existe pra sonhar

Ao descaso que observo
Muito já ignorei
Outro tanto que renego
Muitas dúvidas reformei

É preciso estar atento
Aos sinais apresentados
E saber onde pisar
Pra evitar o pé quebrado

A vida quando quer passar
Tem passagem definida
E se você não age certo
É mais um sem ter saída.


Marçal Filho
Itabira MG
05/12/10

Materializei-me


Meu enigmático caos
vive na encosta da incerteza
meu desejo antecede
o esquecimento da beleza

Sou do mar da ignorância
distinção do anonimato
que na dança dos mistérios
tende a renegar os fatos

Sou do rio em correnteza
um desvio de conduta
sou do limbo da outra margem
pouca areia e pedra bruta

se meu desejo, ainda é o mesmo
minha certeza, friamente deteriorou


Marçal Filho
Itabira MG
05/12/10

ACHÔMETRO


Tem gente que se acha
e na verdade está perdido
tem gente que não finge
não carece, já nasceu fingido...

Tem gente que promete
que será sempre do bem
depois, dá cá essa palha
e manda tudo pro além...

Tem gente tão vulgar
que é vulgar seu conteúdo
quer passar por um gigante
mas no fundo é tão miúdo...

Tem gente com a mania
de fazer tanto alarido
mas do alto a prepotência
já não faz nenhum sentido...

Então no chororô, se deixa
traindo a confiança é gueixa
depois de algum tempo, ameixa
com a alma sufocada em caroço. Seca.


Marçal Filho
Itabira MG
02/12/10

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

De meninos e adultos


Essas bolhas encantadas
colorindo-me as retinas
vestem-se dum por de sol lilás

Então vejo-me no sorriso
da criança que sorri
e bato palmas para o menino
que existe ainda em mim

Enquanto o adulto,
entre um assobio e outro
dá sinal para o táxi laranja,
a vida não é canja...

A vida é o contraste
do tempo presente
costurando o passado
para esboçar o futuro...

O resto é apenas deduções...
mas, a criança, ainda brinca
enquanto o adulto cisma...



Marçal Filho
Itabira MG
28/11/2010

Canto do Amor Futuro


Planto na encosta do caminho
uma história em pergaminho
pra zombar da minha dor

Faço uma nova trajetória
passaporte para a glória
que o destino agora é flor

Ao descortinar o tempo
faço outro juramento
para ter seu bem querer

Os mal-me-queres recusados
são as flores do passado
que não quero me lembrar

Eis que meu caminho agora
será outro certamente
onde o amor vai me esperar.


Marçal Filho
Itabira MG
25/11/2010