Meu Brasil especial
Posso aqui lhe definir
Do Oiapoque ao Chui
Do arrastão à gafieira
De segunda a sexta-feira
Ou no fruto do açaí
Posso começar no norte
E descer ao centro-oeste
Dar um pulo lá no sul
E voltar para o sudeste
Aguardar a cantoria
Num pau de arara na Bahia
Que inicia meu nordeste
Posso transformar um coco
Num santinho de pau oco
Num frevo ou maracatu
Correr da cobra cascavel
E ser mordido de urutu
E depois no meu xaxado
Embolar o embolado
Pra mexer num pau de angu
Posso ainda se quiser
Explicar pra vosmicê
Que a viola caipira
Pode reduzir a dor
Na paixão e bem querer
Posso dosar um melado
Com um queijo bem raspado
Acrescentando a macaxeira
E traçar uma tinguaça
Beber água de cabaça
E dançar um vaneirão
Ter na cuia um chimarrão
Preparado na fronteira
E depois do acarajé
No carnaval dançar no pé
Ou na marchinha mineira
Me afogar na quarta-feira
E sonhar com o igarapé
Entre o verde da Amazônia
Passear numa canoa
Ouvir sorrindo carimbós
Entre brejos de taboa
Ter nas mãos a rapadura
Com paçoca e amendoim
E cheirar um cheiro bom
Nas campinas de alecrim
Ver o céu mais estrelado
Que a galáxia desenhou
E pescar o meu dourado
Ou com pirão apimentado
Degustar um vinho bom
Posso mesmo lhe dizer
Tudo o que me aprouver
No tinido o meu triângulo
Ou no toque da sanfona
Desenhar um mamulengo
Ou capiau lá das Gerais
Eu lhe digo sem receio
Ano inteiro ou ano e meio
Se o senhor quiser ouvir
Meu Brasil é muito mais
Que o senhor imaginar
É paixão rasgando o peito
Que o amor só quer chegar
Meu Brasil não tem tamanho
É maior que tudo então
Mas ele cabe inteirinho
Dentro do meu coração
Poderia o descrever
Por centenas de anos luz
Ele é lindo e é feliz
E protegido por Jesus
Que pendurado numa cruz
Morreu pra nos salvar
Meu Brasil é bem maior
Que minha imaginação
Um país que não tem par
É tangido de riqueza
Misturada com a emoção
Seja eu um acriano
Paraense ou sergipano
Um mineiro ou piauiense
Cearense ou um baiano
O que importa na verdade
É ser um povo soberano
Posso até ser um paulista
Se quiser um capixaba
Ou também mato-grossense
Catarina ou paranaense
Em meu Goiás falta-me nada
Posso ser de Pernambuco
São Luiz, Rio-Grandense
Seja lá na ponta norte
Ou um gauchão bem forte
Meu Brasil é minha sorte
Na verdade um povo só
Paraíba ou Alagoas Maceió
E se Roraima me atrai
Amapá é o meu xodó
Mas meu Rio de Janeiro
Quis Brasília pra morar
Mas se quero Tocantins
Deixe então o meu dourar
É como digo pro senhor
Meu país é sem igual
Em local nenhum se vê
Tão alegre um carnaval
Quando a bossa ficar triste
Meu sambão fará sorrir
Meu Brasil é muito simples
Basta só você sentir
Ou tudo o que imaginar
Pois um brasileiro triste
Não é fácil encontrar
É por isso que o amo
E para sempre vou amar.
Marçal Filho
Itabira MG
29/12/2010
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